domingo, 7 de novembro de 2010

Thais Neto - Visibilidade


A criação e o criador


Jean Nouvel é um arquiteto francês, nascido em 1945.
Estudou na Escola de Belas Artes de Paris e desde 1971 quando concluiu o curso realizou grandes obras que lhe consagram hoje como um dos maiores nomes da arquitetura mundial. Entre muitas estão a Fundação Cartier em Paris, Torre Agbar em Barcelona,  Edificio Dentsu em Tóquio e o Instituto do Mundo Árabe (1981-1987) localizado em Paris, esse último deu a Nouvel o Prêmio Aga Khan de Arquitetura e é o meu escolhido para abordar o tema ‘visibilidade’ de Ítalo Calvino.



                
A Instituição foi feita para ser um centro de divulgação da cultura árabe intercalando o mundo ocidental.
Nouvel procura transportar ao edifício o contato de duas realidades culturais e temporais; a francesa e a árabe. Sem induzir o observador, o arquiteto deixa para cada um a interpretação do significado da fachada, visto que ele não simplesmente copia o estilo arábico, ele produz uma nova arquitetura, essencial ocidental, mas cujas raízes estão diretamente ligadas ao oriente.



Utilizando tecnologias modernas, estrutura porticada em betão e fachadas transparentes em vidro, o edifício remete a alguns temas típicos da arquitetura árabe como a interioridade, a sobreposição de tramas e o tratamento da luz por meio de filtros (a parede voltada a sul é composta por 240 diafragmas de desenho geométrico que se fecham como os de uma câmara fotográfica por ação de células).




Mais que um estilo próprio, este edifício afirma uma estética que agrega os vários símbolos da contemporaneidade, desde a idéia de progresso e de espaço monumental ao de eletrônica e de sedução visual.
Nouvel brinca com a produção de imagens dinâmicas e cenográficas que ganham vida com o jogo das profundidades, sobreposições e transparência de seus filtros. O elegante edifício abriga um museu, espaços de exposições temporárias, biblioteca, centro de documentação, um considerável auditório polifuncional e um restaurante.




A visibilidade, Calvino e o Instituto do Mundo Árabe

Ao falar de visibilidade pensa-se logo no que pode ser visto a olhu nú e o que pode ser interpretado daquela visão mas para Calvino a visibilidade vai muito além de um simples olhar e uma básica descrição.
Ele traz a idéia da ilusão, do utópico, do que a imaginação pode fazer com o que observo, do que está além do que os olhos enxergam.
Para Calvino, a reinterpretação da realidade, sob o ponto de vista de quem enxerga, tem raízes profundas no subconsciente e mesmo quando a pessoa consegue transformar a imagem vista em imagem particular, esse processo acontece repetidas vezes no inconsciente, ou no subconsciente fragmentando assim a interpretação inicial em diversas interpretações do que está diante dos olhos.
Como no Instituto, os diafragmas inseridos na parede que se abrem e se fecham causando efeitos de luminosidade e movimento diversos recriando elementos da arquitetura árabe sob nova ótica, permitem várias interpretações dos observadores que podem fazer alusão a diferentes coisas e idéias.



Referências Bibliográficas:

- CALVINO, Ítalo. Seis Propostas para o próximo Milênio: Lições americanas. 3. ed. São Paulo: Companhia das Letras, c1994.

- Instituto do Mundo Árabe. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010

- Jean Nouvel. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010

- jeannouvel.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário